Israel ameaça Irã e huthis após ataque dos rebeldes do Iêmen contra aeroporto de Tel Aviv
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ameaçou neste domingo (4) os rebeldes huthis do Iêmen e o Irã, depois que os huthis atacaram com um míssel o principal aeroporto de Israel, o que deixou seis feridos e levou várias empresas aéreas a suspender seus voos.
Os militares israelenses confirmaram que o ataque, que deixou uma enorme cratera em uma área próxima a uma das pistas de pouso, foi lançado do Iêmen, onde os rebeldes huthis, apoiados pelo Irã, controlam grande parte do território.
O ataque acontece horas antes de o Exército de Israel anunciar que convocou "dezenas de milhares de reservistas" para intensificar sua ofensiva em Gaza, com o objetivo de destruir todas as infraestruturas do movimento islamista palestino Hamas.
Desde que a guera entre Israel e Hamas eclodiu, os insurgentes iemenitas frequentemente lançam ataques com mísseis e drones contra posições israelenses.
Netanyahu declarou em um vídeo publicado no Telegram que Israel já atuou contra esse grupo no passado e "que o fará no futuro".
"Não será um único golpe, serão muitos golpes" alertou, sem dar mais detalhes.
Depois, Netanyahu afirmou no X que "os ataques dos huthis vêm do Irã" e que Israel responderá "no momento oportuno".
O chefe de polícia da região central de Israel, Yair Hezroni, explicou que "uma cratera de várias dezenas de metros de largura e também várias dezenas de metros de profundidade".
O serviço de emergência israelense Magen David Adom disse que atendeu pelo menos seis pessoas com ferimentos leves e moderados.
"É a primeira vez que um míssil cai tão perto do terminal e das pistas de pouso", disse à AFP um porta-voz da autoridade do aeroporto.
De acordo com um fotógrafo da AFP, o míssil caiu perto da área de estacionamento do Terminal 3, o mais importante, e deixou uma cratera a cem metros da pista de pouso.
Não foram registrados danos à infraestrutura do aeroporto.
- "Reverberação foi muito forte" -
Segundo um comunicado dos huthis transmitido pela televisão Al Masirah, trata-se de "um míssil balístico hipersônico que atingiu seu alvo com sucesso".
Os rebeldes huthis controlam grande parte do Iêmen devastado pela guerra, incluindo a capital Sanaã, a mais de 1.800 km da fronteira sul de Israel.
O grupo lança frequentemente ataques com mísseis e drones contra Israel em solidariedade aos palestinos. Também ataca embarcações que considera ligadas a Israel no mar Vermelho, uma área essencial para o tráfego marítimo global.
Um jornalista da AFP que estava no aeroporto no momento do ataque relatou que ouviu uma "forte explosão" por volta das 09h35 (03h35 de Brasília) e que "a reverberação foi muito forte".
Um passageiro afirmou que o ataque ocorreu logo após o disparo das sirenes de alerta em várias partes de Israel, e que isso causou "pânico".
"É loucura dizer isso, mas desde 7 de outubro estamos acostumados com isso", disse o homem de 50 anos que preferiu não se identificar.
O Hamas e a Jihad Islâmica saudaram, por sua vez, o ataque.
A companhia aérea alemã Lufthansa anunciou a suspensão dos voos para Tel Aviv até terça-feira. A mesma decisão foi anunciada pela Air India e a British Airways, até terça e quarta-feira, respectivamente.
A Air France suspendeu até terça os voos previstos de Paris para a cidade israelense.
- "Nos salvamos por pouco" -
"O que aconteceu esta manhã não acontecia há muito tempo. Há vários meses foguetes caíram perto do aeroporto, mas hoje nos salvamos por pouco", disse à AFP um dirigente de uma companhia aérea estrangeira.
Israel já realizou vários ataques contra alvos huthis no Iêmen e os Estados Unidos começaram a atacar posições dos huthis em janeiro de 2024.
A guerra na Faixa de Gaza registrou uma queda nas hostilidades no início deste anom quando houve uma trégua de dois meses, mas Israel a roumpeu em 18 de março. Desde então, os huthis retomaram os ataques a Israel.
Neste domingo, na Faixa de Gaza, 16 pessoas morreram, das quais pelo menos três eram crianças, em vários bombardeios israelenses, reportou a Defesa Civil desse território governado pelo Hamas.
A.Peeters--LCdB