

Trump anuncia que Israel e Irã concordaram com 'cessar-fogo total'
O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (23) que Irã e Israel estabeleceram "um cessar-fogo total" que significará o "fim oficial" da guerra na qual os Estados Unidos intervieram com o ataque a instalações nucleares iranianas.
Mas, horas depois de seu anúncio, o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, assegurou que não existe tal acordo, mas se mostrou aberto a cessar as hostilidades se Israel detiver seus ataques.
Contudo, a capital Teerã vivenciou uma nova série de bombardeios na madrugada desta terça-feira (24, hora local) no norte e no centro da cidade, segundo um jornalista da AFP no local.
O Irã nega querer fabricar armas atômicas, mas defende o seu direito a desenvolver um programa nuclear civil.
"Foi plenamente acordado por e entre Israel e Irã que haverá um CESSAR-FOGO TOTAL e COMPLETO", escreveu Trump nesta segunda em sua plataforma Truth Social.
Segundo o presidente americano, o cessar-fogo seria um processo gradual de 24 horas que começaria por volta das 1h de Brasília desta terça.
"Na hora 24, o mundo dará boas-vindas ao fim oficial da guerra de 12 dias", disse Trump.
Mas o ministro iraniano Araghchi sustentou nesta terça-feira nas redes sociais que, "por ora, NÃO há 'acordo' para um cessar-fogo ou o fim das operações militares".
Não obstante, esclareceu que "se o regime israelense interromper sua agressão ilegal contra o povo iraniano o mais tardar às 4h de Teerã [21h30 da segunda-feira em Brasília], não teremos a intenção de continuar com nossa resposta".
Minutos depois do anúncio de Trump, os Guardiões da Revolução, o exército ideológico do Irã, prometeram fazer com que os Estados Unidos lamentem qualquer novo ataque contra seu território.
"Advertimos ao tolo e estúpido presidente americano [Donald Trump] que, no caso de se repetir uma agressão [...], receberá respostas mais contundentes que lamentará", afirmou o chefe da Guarda Revolucionária, Mohammad Pakpour, citado pela televisão estatal.
- 'Muito fraco' -
O Irã atacou nesta segunda-feira a base militar americana de Al Udeid no Catar em represália pelos ataques dos Estados Unidos de domingo contra três instalações nucleares iranianas.
Antes do anúncio de cessar-fogo, Trump classificou de "muito fraco" o ataque de retaliação, mas agradeceu ao Irã por ter avisado com antecedência.
O Catar afirmou que interceptou os projéteis lançados contra a base militar, a maior que os americanos possuem no Oriente Médio.
"Em resposta à ação agressiva e insolente" dos Estados Unidos, as forças armadas iranianas "atacaram a base aérea americana de Al Udeid", no Catar, informou o Conselho de Segurança Nacional iraniano.
Teerã afirma que lançou seis mísseis contra a base americana, o mesmo número de bombas que os Estados Unidos usaram ao atacar as instalações nucleares do Irã.
A televisão estatal iraniana mostrou pela noite imagens ao vivo de manifestantes exultantes em Teerã aos gritos de "Morte aos Estados Unidos!".
Em seus ataques do fim de semana, Washington atingiu uma usina subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo e instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país. Segundo o Pentágono, esses bombardeios "devastaram o programa nuclear iraniano".
Por sua vez, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) considera impossível, por ora, avaliar os danos e pediu acesso às instalações iranianas.
Os especialistas acreditam que o Irã pode ter retirado seu material nuclear, e Teerã afirma que ainda tem reservas de urânio enriquecido.
Na noite desta segunda, o Irã pediu aos moradores de Ramat Gan, nos subúrbios de Tel Aviv, que evacuassem, após uma ordem similar emitida pelo Exército israelense à população que vivia em uma área do centro de Teerã.
Israel atacou nesta segunda-feira centros de comando da Guarda Revolucionária e a prisão de Evin.
A guerra já deixou mais de 400 mortos e 3.000 feridos no Irã, a maioria deles civis, segundo um balanço oficial. Por outro lado, os ataques iranianos contra Israel mataram 24 pessoas, segundo autoridades israelenses.
- Mudança de regime? -
Desde o começo da guerra, o Irã tem respondido com o lançamento de mísseis e drones contra Israel, e pode retaliar fechando o Estreito de Ormuz, por onde passa um quinto da produção mundial de petróleo.
Mas, "se o regime iraniano se nega a encontrar uma solução pacífica [...] por que o povo iraniano não deveria tirar o poder desse regime incrivelmente violento que o reprime há décadas?", questionou.
B.Hendrix--LCdB