Otan aprova forte aumento de seu gasto militar, e Trump reivindica 'vitória monumental'
Europa e Canadá concordaram nesta quarta-feira (25) com um aumento drástico de seus gastos com Defesa, em uma cúpula da Otan em Haia organizada sob medida para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que reivindicou uma "vitória monumental".
"É uma vitória monumental para os Estados Unidos, porque estávamos arcando com muito mais do que nossa parte justa", afirmou Trump em uma coletiva de imprensa ao final da cúpula.
Na declaração final da reunião, os 32 Estados-membros da aliança transatlântica concordaram em aumentar seus gastos com defesa para 5% de seus respectivos PIB nacionais até 2035.
Esse aumento obrigará os membros europeus da aliança e o Canadá a gastar muito mais em sua segurança e a multiplicar capacidades, cadências de fabricação e compras de armamentos.
O objetivo até agora era de 2%, um patamar alcançado no ano passado por apenas 22 dos países-membros.
Em suas declarações, Trump não escondeu sua irritação com a Espanha por sua decisão de limitar seus gastos militares a 2,1% do PIB.
A Espanha, ameaçou Trump, pagará no âmbito comercial por essa relutância em alcançar 5%. "É o único país que não paga o que deve (...) Para mim, isso não faz sentido", disse ele.
O objetivo de 5%, para o ano de 2035, é a soma de dois componentes.
O primeiro é um mínimo de 3,5% de gasto militar em sentido estrito (salários, pensões, operações, aquisição de equipamentos, tarefas de manutenção). Cada país deverá relatar anualmente como está progredindo para alcançar esse nível.
A esse percentual será adicionado 1,5% de investimento em áreas mais amplas como infraestrutura, inovação e proteção de fronteiras, de utilidade tanto civil quanto militar.
- Rússia, uma ameaça a longo prazo -
A declaração final da cúpula menciona a "ameaça de longo prazo representada pela Rússia à segurança euro-atlântica e a ameaça persistente do terrorismo".
Além disso, reafirma seu compromisso de "oferecer apoio à Ucrânia, cuja segurança contribui para a nossa".
A declaração final da cúpula tem apenas cinco parágrafos, diferentemente dos 38 pontos assinados no ano passado na cúpula de Washington.
Não faz menção, como em outras edições, aos desafios apresentados pela China, Irã e Coreia do Norte, nem contém promessas sobre o combate às mudanças climáticas e a promoção da igualdade de gênero.
Os Estados Unidos contribuíram no ano passado com 62% do orçamento total de Defesa da Aliança, enquanto Canadá e Europa aumentaram seu investimento em 19%.
Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, Trump ameaçou reduzir significativamente o guarda-chuva de segurança que Washington tem oferecido à Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
- Contatos com o Irã -
Durante o dia, Trump também anunciou que seu país manterá contatos com o Irã "na próxima semana", após ter ordenado bombardeios a três instalações nucleares iranianas no fim de semana.
"Conversaremos na próxima semana com o Irã, talvez possamos assinar um acordo, ainda não sei", disse o presidente, que garantiu que com os ataques americanos, o programa nuclear iraniano retrocedeu "décadas".
Ao mesmo tempo, a trégua entre Israel e Irã, afirmou o presidente, "está funcionando muito bem", e destacou que os dois países estavam esgotados pelo conflito.
- Tudo para agradar o "papai" -
Os organizadores planejaram a cúpula milimetricamente para agradar Trump e evitar qualquer problema de sua parte que pudesse explodir a cúpula.
Nesse sentido, o formato foi reduzido em relação a outros anos, o papel do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, na cúpula foi diminuído, e Rutte não poupou elogios a Trump sempre que pôde, que teve a honra de pernoitar em um palácio da família real em Haia.
No entanto, ninguém foi tão longe quanto Rutte, que chegou a se referir ao presidente dos Estados Unidos como "papai".
Trump, disse Rutte, "merece todos os elogios" por tomar uma "ação decisiva" contra o Irã e pressionar os aliados da Otan a aumentarem drasticamente seus gastos militares.
X.Thijs--LCdB