

Brasil expressa 'profunda indignação' à Embaixada dos EUA por pressões a Moraes
O Itamaraty expressou "profunda indignação" à Embaixada dos EUA, nesta sexta-feira (8), por uma publicação no X contra Alexandre de Moraes, ministro relator da ação sobre a suposta trama golpista, em que são julgados o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus no Supremo Tribunal Federal.
Uma fonte da Chancelaria confirmou à AFP que o Ministério das Relações Exteriores convocou o encarregado de negócios americano, Gabriel Escobar, depois que sua representação publicou, na quinta-feira, que Washington está "monitorando de perto a situação" do ministro Moraes, a quem se referiu como "arquiteto da censura e perseguição" a Bolsonaro.
"Ameaçar as autoridades de um país democrático é inaceitável", acrescentou a fonte diplomática brasileira.
Escobar, que chefia a embaixada americana na ausência de um embaixador, foi recebido no Itamaraty pelo secretário interino para a Europa e a América do Norte, Flavio Goldman.
Esta é a quarta vez que o governo Lula convoca o representante dos Estados Unidos desde a posse de Donald Trump na Casa Branca, em janeiro.
- "Estão avisados" -
Nas últimas semanas, a embaixada americana no Brasil usou várias vezes sua conta no X para se referir ao ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do julgamento contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros 30 réus por suposta tentativa de golpe de Estado, orquestrada em 2022.
Na quinta-feira, a embaixada republicou em português uma mensagem de um escritório do Departamento de Estado americano contra o magistrado brasileiro.
"Os aliados de Moraes no Judiciário e em outras esferas estão avisados de não apoiar, nem facilitar sua conduta", acrescentou esta publicação.
O governo Trump suspendeu o visto de Moraes e o sancionou com a lei Magnitsky, um instrumento jurídico para sancionar financeiramente responsáveis por violações dos direitos humanos no mundo.
Aliado de Bolsonaro, Trump impôs, desde a quarta-feira, tarifas alfandegárias punitivas de 50% sobre vários produtos brasileiros, sob o argumento de que ocorre no Brasil uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente (2019-2022).
Bolsonaro é julgado no STF por seu suposto envolvimento na tentativa frustrada de impedir a posse de Lula, após ser derrotado pelo petista nas eleições de outubro de 2022.
Seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), se mudou meses atrás para os Estados Unidos, onde promove uma campanha para que a Casa Branca pressione as autoridades brasileiras a agirem a favor de seu pai.
Desde a segunda-feira, o ex-presidente está em prisão domiciliar preventiva, pois Moraes considerou que ele violou medidas cautelares que precisa acatar enquanto dura o julgamento.
Se for considerado culpado, Jair Bolsonaro poderá ser condenado a até 40 anos de prisão.
B.Francois--LCdB