

'Nenhuma esperança': moscovitas são céticos ante possível encontro Putin-Trump
Antes de um possível encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin, vários moscovitas entrevistados pela AFP nesta sexta-feira (8) se mostraram céticos, duvidando que a reunião resulte em solução rápida para o conflito na Ucrânia.
Na quinta-feira, o presidente americano se disse disposto a se reunir com seu contraparte russo.
O Kremlin, por sua vez, disse ter alcançado um "acordo de princípio" entre Rússia e Estados Unidos para uma cúpula nos próximos dias.
Arseni, um estudante moscovita de 21 anos, no entanto, não espera "nenhuma decisão" durante a reunião.
Segundo ele, esse encontro se traduzirá em "declarações" que devem incluir frases "vagas e habituais" de Trump, como "estou decepcionado ou estou contente".
"Não tenho nenhuma esperança, honestamente. 'Pense no melhor, mas se prepare para o pior'", acrescenta Irina, advogada de 57 anos, citando um famoso ditado russo.
Nenhuma das pessoas entrevistadas pela AFP quis revelar seu sobrenome.
Sergei, de 28 anos, vendedor de peças de reposição para automóveis, destaca que a ofensiva está "empacada" e que uma reunião Trump-Putin será apenas uma "primeira etapa" antes de uma paz que ainda parece distante.
Mais otimista, Leonid, de 70 anos, acredita que Putin e Trump podem "chegar a um acordo em algo, ainda que seja um cessar-fogo" ao longo da frente de batalha.
- "Purificar a Ucrânia" -
Outros, mais radicais, consideram que a Rússia, após mais de três anos de um conflito devastador e mortal, deve concretizar todas as suas ambições militares, ou seja, conquistar toda a Ucrânia.
"É preciso ir até o fim. É preciso purificar a Ucrânia", diz Natalia, uma aposentada de 79 anos.
Irina também se opõe a um congelamento das hostilidades e avalia que é preciso lutar "até os recursos se esgotarem".
Tatiana, funcionária ferroviária de 39 anos, é menos categórica.
Embora afirme "não saber" o que seria bom para a Rússia porque "os dirigentes têm sua opinião", ela não se oporia a um congelamento da linha de frente, pois considera que a Rússia "já tem territórios suficientes".
Moscou exige que a Kiev lhe ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhya e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie às entregas de armas ocidentais e a qualquer adesão à Otan.
As exigências são inaceitáveis para a Ucrânia, que deseja a retirada das tropas russas e garantias de segurança ocidentais, entre elas a continuação do fornecimento de armas e a mobilização de um contingente europeu, ao que a Rússia se opõe.
Z.Leclercq--LCdB