Ato de campanha de Milei termina com incidentes na Argentina
Brigas e lançamentos de pedras e garrafas foram registrados nesta quarta-feira (3) nas imediações do ato liderado pelo presidente argentino Javier Milei em Buenos Aires, em meio a uma polêmica pela segurança do local escolhido para o evento, que foi criticado pelo governo provincial.
Milei participava de ato de fechamento de campanha para o pleito legislativo de meio de mandato da província de Buenos Aires, que acontece no próximo domingo.
Ao final do evento, alguns grupos que a imprensa argentina identificou como adversários políticos protagonizaram conflitos com direito a socos, ofensas verbais, pedradas e, inclusive, garrafadas, constatou a AFP no local dos fatos.
Antes do ato, havia temor por parte de autoridades provinciais, como o governador de Buenos Aires, o opositor peronista Axel Kicillof, que indicou que o local escolhido não estava preparado para receber o evento.
"Responsabilizo Milei por qualquer ato de desordem ou violência que possa ocorrer", advertiu Kicillof na rede social X antes do evento.
Há uma semana, Milei foi atacado com pedradas e precisou ser retirado de um ato partidário na periferia sul da capital argentina, no meio de uma caravana partidária que contou com um dispositivo policial inusualmente pequeno, segundo constatou a AFP.
O presidente argentino atravessa o pior momento em seus 21 meses de governo, em meio a denúncias de corrupção que atingem sua irmã e secretária-geral da Presidência, Karina Milei.
Também sofre uma crise de confiança dos mercados financeiros que fez disparar a cotação do dólar, o que obrigou o governo a intervir no mercado na terça-feira através do Tesouro.
A popularidade de Milei será colocada à prova no domingo, nas eleições de Buenos Aires, e nas legislativas nacionais de 26 de outubro.
Nesse contexto, Milei chama de "operações difamatórias" a investigação da Justiça por supostos sobrepreços no fornecimento de medicamentos para a Agência Nacional de Deficiência (Andis).
Áudios atribuídos ao ex-titular da Andis, Diego Spagnuolo, demitido pelo governo quando o escândalo veio à tona, atribuem a Karina Milei a cobrança de 3% desses pagamentos.
A difusão desses áudios e de outros da irmã do presidente causou um terremoto dentro do governo, que solicitou à Justiça investigar o assunto como um caso de "espionagem" na Casa Rosada.
Na segunda-feira, um juiz ordenou cessar a difusão dos áudios de Karina Milei, uma medida condenada pela organização Repórteres Sem Fronteiras como "uma grave ameaça à liberdade de imprensa".
T.Luyten--LCdB