Flotilha com ajuda para Gaza diz que foi atingida por drone perto da Tunísia
A flotilha que partiu com ativistas e ajuda humanitária para Gaza afirmou nesta terça-feira (9) que uma de suas embarcações foi atacada por um drone perto da Tunísia, mas seus organizadores destacaram que estão "determinados" a prosseguir e "romper o bloqueio" israelense contra o território palestino.
Mais de mil pessoas receberam a flotilha no domingo no país do norte da África, um grupo de quase 20 embarcações que zarpou no início do mês de Barcelona com destino ao território palestino cercado.
A flotilha conta com a presença da ambientalista sueca Greta Thunberg, entre outras personalidades, como o brasileiro Thiago Ávila. O objetivo é "abrir um corredor humanitário e pôr fim ao genocídio em curso do povo palestino" no contexto da guerra entre Israel e Hamas, segundo os organizadores.
Nas primeiras horas da terça-feira, a Flotilha Global Sumud denunciou no Instagram que um dos barcos "foi atingido por um drone" em águas tunisianas.
A organização compartilhou um vídeo de uma câmera de segurança instalada no barco, no qual se ouve um zumbido. Em seguida, um ativista grita e recua antes de uma explosão ser ouvida. Um clarão ilumina a área.
O incêndio provocado no convés foi rapidamente extinto, constatou um jornalista da AFP presente na localidade Sidi Bou Said, próxima à capital da Tunísia.
A flotilha afirmou que as seis pessoas a bordo estavam sãs e salvas, informou sobre danos materiais e denunciou "atos de agressão destinados a fazer descarrilar [sua] missão".
"Nossa vontade é mais forte e estamos mais determinados que nunca a romper o bloqueio contra Gaza", afirmou horas depois um organizador da flotilha, Ghassen Henchiri, diante de uma multidão em Túnis.
Nadir al Nuri, membro do comitê diretivo, confirmou que a flotilha partirá na quarta-feira, como estava previsto.
A Guarda Nacional tunisiana afirmou que não havia detectado "nenhum drone" após o anúncio da flotilha.
"Segundo as conclusões preliminares, houve um incêndio nos coletes salva-vidas a bordo de um barco ancorado a 50 milhas do porto de Sidi Bou Said e procedente da Espanha", assegurou à AFP Houcem Eddine Jebabli, porta-voz da guarda tunisiana.
As informações que indicam a presença de um drone "carecem de fundamento", insistiu a Guarda Nacional em um comunicado posterior publicado no Facebook, no qual cogitava a hipótese de que o fogo teria sido causado por um cigarro.
- "Agressão" -
O ativista brasileiro Thiago Ávila publicou no Instagram um vídeo com o testemunho de outro membro da flotilha que afirma ter visto um drone.
"Foi sem dúvida um drone que lançou uma bomba", afirmou o homem, identificado como Miguel.
A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinos, Francesca Albanese, que mora na Tunísia e seguiu durante a noite para o porto, compartilhou na rede social X o vídeo da câmera de segurança do barco.
"1. Ruído do que a tripulação identificou como um drone. 2. A tripulação emite o alerta e pede ajuda. 3. Explosão. Tirem suas próprias conclusões", escreveu.
"Se for confirmado que se trata de um ataque com drones, seria (...) uma agressão contra a Tunísia e a soberania tunisiana", declarou Albanese aos jornalistas em Sidi Bou Said.
A AFP solicitou comentários ao Exército israelense, mas não obteve resposta imediata.
A Faixa de Gaza é cenário de uma guerra devastadora desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas contra território israelense em 7 de outubro de 2023.
A ONU declarou em agosto estado de fome no território palestino e advertiu que 500.000 pessoas enfrentam uma situação "catastrófica".
Os barcos da Flotilha Global Sumud ("sumud" significa "resiliência" em árabe) têm previsão de atracar em Gaza em meados de setembro para levar ajuda humanitária, após duas tentativas bloqueadas por Israel em junho e julho.
Z.Leclercq--LCdB