Glen Powell reinventa 'O Sobrevivente' no papel de Schwarzenegger
A escolha do carismático Glen Powell para o papel de Arnold Schwarzenegger no remake de "O Sobrevivente" deixou muitos entusiasmados, sobretudo no contexto em que se diz que Hollywood não produz mais estrelas de cinema.
O texano deixou Los Angeles para retornar à sua cidade natal, Austin, à medida que ascendeu à fama, mas diz não se deixar levar pela euforia. "Não me considero excepcional", declara o ator de 37 anos à AFP.
Seu papel na nova versão de "O Sobrevivente", que estreia na sexta-feira (14), está longe das figuras dos heróis de ação do século XX interpretados por Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Mel Gibson, que costumavam ser soldados, policiais e lutadores treinados.
O personagem interpretado por Powell, Ben Richards, é um homem comum, sem mais habilidades além de uma resistência física admirável e um temperamento muito explosivo.
Ele participa a contragosto de um programa televisivo de jogos em que o mundo inteiro tenta matá-lo; e precisa sobreviver por tempo suficiente para ganhar o prêmio e comprar o remédio que salvará a vida de sua filha.
"Alguns dos meus filmes favoritos são sobre pessoas comuns enfrentando situações extraordinárias. E não há ninguém mais comum que Ben", diz o ator.
Na produção, o herói leva uma surra, é jogado de uma ponte e precisa descer pela fachada de um prédio usando apenas uma toalha para escapar de alguns capangas.
Na noite anterior à sua entrevista com a AFP, o protagonista e o diretor Edgar Wright exibiram o filme para Schwarzenegger.
A reação do ator veterano foi de empatia. "Sinto muito por você. Deve ter doído!", lembra Powell. "Arnold sabe o esforço que é necessário para fazer um bom filme de ação. Foi incrível ter sua aprovação", completou.
- "Carnificina" -
"O Sobrevivente" se mantém mais fiel ao romance original de ficção científica de Stephen King (O Concorrente, 1982) do que sua adaptação cinematográfica de 1987.
O protagonista interpretado por Powell é perseguido de cidade em cidade por assassinos de aluguel. Os produtores do concurso de TV manipulam cada momento para alcançar altos índices de audiência.
Curiosamente, King ambientou seu romance nos Estados Unidos de 2025: uma visão futurista, então marcada por autocratas que dividem a sociedade, vídeos falsos e uma crise sanitária que leva o cidadão comum a situações extremas.
Para Powell, é difícil imaginar que o público aprecie as cenas de caos e mortes, parcialmente geradas por inteligência artificial. "Vivemos neste universo do TikTok. Vemos a carnificina e, no entanto, estamos distantes dela. Já não nos envolvemos como seres humanos", declarou.
O ator afirma que frequentemente recebe vídeos 'deepfake' (gerados por IA) de pessoas que não questionaram a veracidade nem a origem do conteúdo. "É algo muito interessante com o qual podemos brincar neste filme... 'De onde as pessoas obtêm as notícias e quem controla a informação?'", indaga.
Com atuações na comédia romântica "Todos Menos Você" e no longa de ação "Twisters", Powell coescreveu e protagonizou a comédia "Assassino por Acaso", vivência que lembra outra estrela clássica do cinema: Stallone, que escreveu o famoso roteiro de "Rocky" e insistiu em ser o protagonista.
"Nunca quis esperar que o telefone tocasse. Porque percebi que ele nunca vai tocar, pelo menos não com as ligações que desejamos", afirma Powell. "É assim que tenho me movido nesta cidade, tentando agir com iniciativa. Hollywood é o Velho Oeste agora mesmo", acrescenta.
C.Timmermans--LCdB