Autor de ataques de Paris em 2015 busca processo de justiça restaurativa
Salah Abdeslam, único membro vivo do comando que perpetrou os atentados de 13 de novembro de 2015 em Paris, gostaria de "abrir uma porta às partes civis" em um processo de "justiça restaurativa", informou nesta terça-feira(11) sua advogada.
A França lembrará na quinta-feira, com uma homenagem às vítimas, o décimo aniversário dos atentados que deixaram 130 mortos e centenas de feridos em Paris e na cidade próxima de Saint Denis. Abdeslam está preso na penitenciária de Vendin-le-Vieil (norte) por sua participação.
"Temos uma pessoa (...) que gostaria de poder explicar a situação e talvez falar, abrir uma porta às partes civis, se estas assim desejarem, para poder falar sobre a detenção e [o] julgamento", declarou Olivia Ronen à emissora Franceinfo.
"Assim ele se expressou e é um pedido que também foi feito por algumas partes civis, poder entrar em contato com ele", assegurou.
Arthur Dénouveaux, sobrevivente do ataque à casa noturna Bataclan - onde morreram 90 pessoas - e presidente da associação Life for Paris, respondeu a Ronen no X que "várias vítimas dos atentados" estavam interessadas na justiça restaurativa, "o que poderia levar, como na Espanha ou na Itália, a encontros na prisão com seu cliente".
A justiça restaurativa não substitui a justiça penal. Os encontros entre autores e vítimas de um mesmo crime, mas não do mesmo caso, constituem a medida mais conhecida. Existem outros mecanismos, como a mediação restaurativa, que reúne a vítima e o autor do mesmo caso.
Abdeslam foi interrogado na semana passada por posse ilegal de um pen drive na prisão, que segundo a Procuradoria Nacional Antiterrorista (Pnat) continha documentos "relacionados à propaganda oficial de organizações terroristas, o Estado Islâmico e a Al Qaeda".
A Pnat também solicitou seu "indiciamento posterior". Este pen drive foi entregue a ele durante uma visita de sua ex-companheira, identificada como Maëva B., que foi acusada e encarcerada.
V.Nijs--LCdB